Nacional
11/11/2022 06H18
Os
comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica redigiram uma carta sobre
as manifestações contra a vitória de Lula, a ser publicada, oficialmente, nesta
sexta-feira, 11. O documento foi obtido pelo jornal O
Estado de S. Paulo.
Na
carta, a cúpula militar ressaltou os “valores e tradições” das Forças, “sempre
presentes e moderadoras”, para assegurar “compromisso irrestrito e inabalável”
com “a democracia e com a harmonia política e social”.
Segundo
o texto, o papel das Forças Armadas é assegurar o que a Constituição prevê,
incluindo liberdade de pensamento, de reunião e o direito de ir e vir.
Adiante, as Forças ressaltaram “a crença na importância da
independência dos Poderes, em particular do Legislativo”: “Casa do Povo,
destinatário natural dos anseios e pleitos da população, em nome da qual
legisla e atua, sempre na busca de corrigir possíveis arbitrariedades ou
descaminhos autocráticos que possam colocar em risco o bem maior de nossa
sociedade, qual seja, a sua Liberdade”.
Sem
citar nomes, os militares condenaram “tanto eventuais restrições a
direitos, por parte de agentes públicos, quanto eventuais excessos cometidos em
protestos que possam restringir os direitos individuais e coletivos ou colocar
em risco a segurança pública; bem como quaisquer ações, de indivíduos ou de
entidades, públicas ou privadas, que alimentem a desarmonia”.
Trata-se
da primeira vez que os militares se pronunciam, desde o início das
manifestações que se opõem a Lula. A carta é assinada pelos comandantes Almir
Garnier Santos (Marinha), Marco Antonio Freire Gomes (Exército) e Carlos de
Almeida Baptista Junior (Aeronáutica).
Leia a carta completa das
Forças Armadas sobre as manifestações
“Acerca das manifestações populares que vêm ocorrendo em inúmeros
locais do País, a Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea
Brasileira reafirmam seu compromisso irrestrito e inabalável com o Povo
Brasileiro, com a democracia e com a harmonia política e social do Brasil,
ratificado pelos valores e pelas tradições das Forças Armadas, sempre presentes
e moderadoras nos mais importantes momentos de nossa história.
A Constituição Federal estabelece os deveres e os direitos a serem
observados por todos os brasileiros e que devem ser assegurados pelas
Instituições, especialmente no que tange à livre manifestação do pensamento; à
liberdade de reunião, pacificamente; e à liberdade de locomoção no território
nacional.
Nesse aspecto, ao regulamentar disposições do texto
constitucional, por meio da Lei nº 14.197, de 1º de setembro de 2021, o Parlamento
Brasileiro foi bastante claro ao estabelecer que: ‘Não constitui crime […] a
manifestação crítica aos poderes constitucionais nem a atividade jornalística
ou a reivindicação de direitos e garantias constitucionais, por meio de
passeatas, de reuniões, de greves, de aglomerações ou de qualquer outra forma
de manifestação política com propósitos sociais’.
Assim, são condenáveis tanto eventuais restrições a direitos, por
parte de agentes públicos, quanto eventuais excessos cometidos em manifestações
que possam restringir os direitos individuais e coletivos ou colocar em risco a
segurança pública; bem como quaisquer ações, de indivíduos ou de entidades,
públicas ou privadas, que alimentem a desarmonia na sociedade.
A solução a possíveis controvérsias no seio da sociedade deve
valer-se dos instrumentos legais do estado democrático de direito. Como forma
essencial para o restabelecimento e a manutenção da paz social, cabe às
autoridades da República, instituídas pelo Povo, o exercício do poder que
‘Dele’ emana, a imediata atenção a todas as demandas legais e legítimas da
população, bem como a estrita observância das atribuições e dos limites de suas
competências, nos termos da Constituição Federal e da legislação.
Da mesma forma, reiteramos a crença na importância da
independência dos Poderes, em particular do Legislativo, Casa do Povo,
destinatário natural dos anseios e pleitos da população, em nome da qual
legisla e atua, sempre na busca de corrigir possíveis arbitrariedades ou
descaminhos autocráticos que possam colocar em risco o bem maior de nossa
sociedade, qual seja, a sua Liberdade.
A construção da verdadeira Democracia pressupõe o culto à
tolerância, à ordem e à paz social. As Forças Armadas permanecem vigilantes,
atentas e focadas em seu papel constitucional na garantia de nossa Soberania,
da Ordem e do Progresso, sempre em defesa de nosso Povo.
Assim, temos primado pela Legalidade, Legitimidade e Estabilidade,
transmitindo a nossos subordinados serenidade, confiança na cadeia de comando,
coesão e patriotismo. O foco continuará a ser mantido no incansável cumprimento
das nobres missões de Soldados Brasileiros, tendo como pilares de nossas
convicções a Fé no Brasil e em seu pacífico e admirável Povo.”