Nacional
13/11/2022 11H50
A cantora, pastora evangélica e ex-deputada federal Flordelis dos
Santos de Souza, de 61 anos, foi condenada a 50 anos e 28 dias de prisão pelo
assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, ocorrido em 16 de junho de
2019 na garagem da casa em que a família morava, em Niterói, região
metropolitana do Rio de Janeiro.
O
julgamento, iniciado às 9h da última segunda-feira (7), acabou às 7h20 deste
domingo (13). Flordelis foi julgada pelo Tribunal do Júri, composto por sete
jurados (três mulheres e quatro homens) sorteados entre cidadãos previamente
alistados, sob o comando da juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara
Criminal de Niterói.
Segundo
o Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ), responsável pela acusação,
Flordelis e familiares próximos dela estavam descontentes com a conduta do
pastor, que gerenciava a carreira da pastora e cantora e administrava o
dinheiro, e por isso decidiram matá-lo – primeiro tentaram fazer isso o
envenenando, e por fim acabaram matando-o a tiros. A pastora sempre negou o
crime.
Além de Flordelis, também foram julgados quatro familiares dela:
Marzy Teixeira da Silva, filha adotiva de Flordelis, Simone dos Santos
Rodrigues, filha biológica de Flordelis, Rayane dos Santos Oliveira, filha de
Simone e neta de Flordelis, e André Luiz de Oliveira, filho adotivo de
Flordelis. Só Simone foi condenada a 31 anos e 4 meses. Os demais foram
absolvidos.
Com
depoimentos de acusação e defesa de filhos biológicos, adotivos e afetivos,
confrontos entre defesa e a juíza e uma narrativa marcada por acusações de
abusos sexuais transformada em tese da defesa, o julgamento de Flordelis se
estendeu por mais de uma semana.
Foi
o terceiro júri sobre o assassinato do pastor Anderson do Carmo, que até então
já tivera seis condenados- todos ligados, direta ou indiretamente, à extensa
família de Flordelis. Familiares que testemunharam em defesa da ex-deputada
relataram supostos abusos de Anderson contra Simone dos Santos, filha biológica
da ex-deputada, e contra outras mulheres da casa.
Já as testemunhas da acusação negaram ter conhecimento de que
Anderson cometesse abusos sexuais. Algumas apontaram o que consideraram
indícios de que Flordelis queria matar o marido, inclusive tentando
envenená-lo.
Em
seu depoimento no Tribunal do Júri de Niterói – quando só aceitou responder a
perguntas da defesa – Flordelis chorou continuamente e negou ter sido a
mandante do assassinato ou de tentativas de envenenar o marido. Ela disse que o
amava e que era dependente dele, inclusive para o sucesso do mandato como deputada
federal. Apesar disso, a ex-deputada, seguindo a linha de defesa traçada por
seus advogados, disse que Anderson inicialmente a agredia.
Depois,
relatou, as agressões se davam durante as relações sexuais do casal. Segundo
ela, o marido só conseguia chegar às “vias de fato” se a machucasse. Depois,
tratava-a com carinho, como se nada tivesse acontecido.
De acordo com o advogado de defesa Rodrigo Faucz, a decisão do
júri não foi unânime
–
O placar foi bem apertado, não foi unânime a condenação dela – afirmou o
advogado Rodrigo Faucz, que também defende a ex-deputada.
O
advogado assistente de acusação dedica a condenação de Flordelis à família de
Anderson do Carmo, e disse que está satisfeito com a condenação e ainda chamou
a ex-deputada de “chefe da organização criminosa”. Ele também afirmou que não
irá recorrer da absolvição de André Luiz, Marzy e Rayane.