Nacional
22/11/2022 13H11
O cantor e compositor Erasmo Carlos, de 81 anos, morreu nesta
terça-feira (22) no Rio de Janeiro. Um dos pioneiros do rock e símbolo da
Jovem Guarda, o artista estava internado no Hospital Barra D’Or, na Barra da
Tijuca, na Zona Oeste da cidade.
O Tremendão, como era chamado, deixa a esposa e três filhos.
No último dia 2, o artista comemorou a alta após duas semanas de
internação para tratar uma síndrome edemigênica. Mas Erasmo voltou a
ser hospitalizado — a TV Globo apurou que ele chegou a ser
intubado na última segunda-feira (21).
A
doença ocorre quando há um desequilíbrio das forças bioquímicas que mantêm os
líquidos dentro dos vasos sanguíneos e geralmente é causada por patologia
cardíacas, renais e dos próprios vasos.
Autor de mais de 600 músicas e de clássicos como
“Sentado à Beira do Caminho”, “Minha Fama de Mau”, “Mulher”, “Quero que tudo vá
para o inferno”, “Mesmo que seja eu” e “É proibido fumar”, o artista deixa uma
legião de fãs e amigos que fez pela estrada.
Foi na Tijuca onde nasceu Erasmo Esteves, em 5 de junho de 1941. Grandes
nomes da MPB participaram da infância do cantor, no bairro da Zona Norte do
Rio, como Tim Maia e Jorge Ben Jor.
Na adolescência, gostava de se reunir com a turma no Bar do Divino, na Rua do
Matoso. Foi nessa época em que ele conheceu Roberto Carlos, durante um
concerto de Bill Haley no Maracanãzinho – o que teria aberto os olhos
do carioca para começar seu próprio grupo.
Assim,
antes da carreira solo, o artista passou por outros grupos musicais, como
os Snakes, ao lado de outros tijucanos, mas que durou só até 1961. Sem
acreditar que conseguiria seguir sozinho na música, ele decidiu, então,
trabalhar como assistente do apresentador e produtor Carlos Imperial, que
o ajudou a dar o próximo passo, rumo a outro grupo musical.
Mais
tarde, ele se tornou, então, vocalista do grupo Renato & Seus Blue
Caps. Erasmo garantiu a contratação do conjunto por uma gravadora e fez sucesso
em uma faixa ao lado de Roberto Carlos, marcando o início da parceria entre os
dois. Erasmo compôs mais de 500 canções com o amigo.
“Erasmo Carlos”, portanto,
não passava de um nome artístico em homenagem aos parceiros que estiveram com
ele no início da carreira: Roberto Carlos e Carlos Imperial. Outros apelidos
lhe acompanharam: Tremendão e Gigante Gentil.
Poucos anos depois, ainda nos anos 60, a dupla
Roberto e Erasmo já se destacava como uns dos principais compositores da Jovem
Guarda ao som do iê-iê-iê. Sob influência do pop britânico dos Beatles, o
carioca se mudou para São Paulo e, com o passar dos discos, Erasmo se tornava
ícone da bossa e da MPB.
Não muito tempo longe de casa, ele voltou a morar
no Rio de Janeiro após gravar “Aquarela do Brasil”, em 1969. Em 1985, Erasmo
esteve na primeira edição do Rock in Rio, nas plateias lamacentas.
Ainda em 2001, o cantor lançava seu 22º disco,
“Pra Falar de Amor”, quando completou 60 anos. No ano seguinte, Erasmo reunia
já 40 anos de carreira. Na comemoração dos 50 anos de estrada, a festa foi no
Theatro Municipal do Rio.