Estadual
03/02/2023 21H57
Lideranças da Reserva Indígena do
Guarita, no Norte do Rio Grande do Sul, afirmam que seis
crianças nasceram mortas ou morreram logo após o nascimento nos últimos seis
meses. A causa das mortes na comunidade é justificada pela precariedade no atendimento de saúde na região.
A
reserva, considerada
a maior do estado, com 8 mil pessoas, fica entre os
municípios de Tenente Portela e Redentora.
A dona
de casa Jocelaine da Rosa Leopoldino estava grávida de 37 semanas do terceiro
filho. No dia 18 de janeiro, ela não se sentiu bem, foi levada a um hospital e
recebeu a notícia que nenhuma mãe quer ter: a criança estava
morta.
"Elas me levaram pra fazer cesária. Quando elas disseram que ele nasceu,
estava morto já", lamenta.
A agente
de saúde Mariazinha Amaral atua na reserva. Ela acompanhou toda a gestação de
Jocelaine e se emociona ao lembrar que o bebê não nasceu vivo.
"Fica
triste, é triste pra gente. Isso aí me doeu, me dói. Por que as pessoas não
veem a nossa situação?", questiona.
Jocelaine
afirma que, durante toda a gravidez, não teve acompanhamento de um médico. No
período, ela recebeu apenas o atendimento de enfermeiras.
"O que a gente quer garantir? Que todas as instituições trabalhem juntas.
Que seja o governo municipal, governo estadual e governo federal, cada um
fazendo a sua parte", cobra o cacique Joel Ribeiro de Freitas.
São 12
postos de saúde, e apenas um médico contratado
pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). O profissional atende
apenas as aldeias de Tenente Portela. Em Redentora, os pacientes são atendidos
pela equipe de enfermagem.
"Nós,
enquanto Sesai, estamos buscando pra resolver isso. Inclusive, no ano passado,
foram abertos sete editais para contratação de médicos, mas infelizmente todos
desertos, não teve
interesse por parte de profissionais, realmente", diz
o coordenador regional, Gilmar Claudino.