Lideranças da Reserva Indígena do Guarita, no Norte do Rio Grande do Sul, afirmam que seis crianças nasceram mortas ou morreram logo após o nascimento nos últimos seis meses. A causa das mortes na comunidade é justificada pela precariedade no atendimento de saúde na região.
A reserva, considerada a maior do estado, com 8 mil pessoas, fica entre os municípios de Tenente Portela e Redentora.
A dona de casa Jocelaine da Rosa Leopoldino estava grávida de 37 semanas do terceiro filho. No dia 18 de janeiro, ela não se sentiu bem, foi levada a um hospital e recebeu a notícia que nenhuma mãe quer ter: a criança estava morta.
 "Elas me levaram pra fazer cesária. Quando elas disseram que ele nasceu, estava morto já", lamenta.
A agente de saúde Mariazinha Amaral atua na reserva. Ela acompanhou toda a gestação de Jocelaine e se emociona ao lembrar que o bebê não nasceu vivo.
"Fica triste, é triste pra gente. Isso aí me doeu, me dói. Por que as pessoas não veem a nossa situação?", questiona.
Jocelaine afirma que, durante toda a gravidez, não teve acompanhamento de um médico. No período, ela recebeu apenas o atendimento de enfermeiras. 
 "O que a gente quer garantir? Que todas as instituições trabalhem juntas. Que seja o governo municipal, governo estadual e governo federal, cada um fazendo a sua parte", cobra o cacique Joel Ribeiro de Freitas.
São 12 postos de saúde, e apenas um médico contratado pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). O profissional atende apenas as aldeias de Tenente Portela. Em Redentora, os pacientes são atendidos pela equipe de enfermagem.
"Nós, enquanto Sesai, estamos buscando pra resolver isso. Inclusive, no ano passado, foram abertos sete editais para contratação de médicos, mas infelizmente todos desertos, não teve interesse por parte de profissionais, realmente", diz o coordenador regional, Gilmar Claudino.