Buenas e me espalho! Daí,
como consta no Livro Agenda Gaúcha 2023 (que nesta 20ª edição revela a
história da erva-mate e do chimarrão), informo que: 24 de março é o dia Mundial
da Tuberculose; 26 o do Cacau e do Mercosul; 27 o do Circo e Mundial do teatro;
28 o do Diagramador e do Revisor. Assim,
agradecido a Deus por escrever e ser lido, o invoco para dizer sobre O
TREM!
A primeira ferrovia brasileira foi inaugurada por Dom Pedroo
II, em 30 de abril de 1854, no Rio de Janeiro, entre o Porto de Mauá e a cidade
de Fragoso, projeto idealizada pelo empresário gaúcho de Arroio Grande, Irineu
Evangelista de Souza, popular pelo título de Barão de Mauá. Sem dúvidas a ferrovia e o primitivo trem BARONESA, nos
trouxe o desenvolvimento, pela capacidade de carga material, animal e humana,
que as locomotivas e vagões nos proporcionaram e pela visão do gaúcho.
Digo
o tempo do verbo no passado, porque infelizmente os conhecidos interesses
estrangeiro, fizeram as ferrovias brasileiras que chegaram ter 40 mil
quilômetros de estradas, ficarem obsoletas, e os financiadores do automóvel e das
rodovias pavimentadas trilionários, (setor que virou indústria de corrupção
pelas empreiteiras nacionais), que o governo passado estancou, mas pelo jeito
essa farra está voltando aí mais rápida do que os trens-bala, que cortam o
Japão, a EUROPA, e o Brasil só o curtirá nos filmes internacionais.
O
estudo do Mestre em Geografia Humana da UNESP, (Dr.
Júlio César Lázaro da Silva), nos ensina que o mecanismo de carris fora
iniciado na Grécia, a 600 anos A.C., em trilhos postados na região de Corinto,
num percurso de mais ou menos 8 quilômetros na estrada de Diolkos, feita para
transportar, tracionado por animais e escravos, embarcações e outros produtos
de guerra.
Depois,
no século XVI o carril reaparece a partir de trilhos de madeira, chamados de
Wagon Ways (caminhos de vagões), puxados por animais, o tipo que logo passou
ser utilizado na extração mineral, das minas de todo mundo. Até que em 1776 os
trilhos de madeira foram substituídos por ferro, sendo as linhas chamadas de
rail way, ainda tracionada pela força animal e humana, quando para o alívio de
muitos, em 1804 surge na cidade inglesa de Sout Walles, a primeira locomotiva
de motor a vapor, criada pelo engenheiro britânico Richard Trevithick. Esse
veículo, transportou 18 toneladas de ferro e 70 homens, por 14 km, a 7 km/h, um
evento histórico extraordinário, só que ao chegar nos 8 km por hora, quebrava a
linha férrea.
De
qualquer sorte, o invento foi uma vitória, tanto que em 1812 foi inaugurada na
cidade de Leeds a primeira composição para transportar passageiros, em 1830 a
primeira linha intermunicipal de Liverpool a Manchester, em 1863 a primeira
linha subterrânea, que deu origem aos metrôs, por ter sido chama de metroway e
daí, o trem não parou mais de evoluir unindo cidades, estados, países e
continentes. De 1870 a 80, os alemães inventaram o trem elétrico, inaugurando a
primeira linha na Áustria, para 100 anos mais tarde, surgir os trens de alta
velocidade na França e Inglaterra que atingiam 200 km/h e no Japão, em 1997 foi
lançado o trem que alcançou 550 km/h.
No
Rio Grade do Sul foi em 1872 que o Eng. José Ewbank da Câmara, apresentou ao
Imperador, audacioso projeto de interligar a então província de São Pedro,
através de 4 linhas férreas, inaugurando a primeira em 1874 de Porto Alegre a
São Leopoldo, 34 km, que em 1876 chegou a Novo Hamburgo, (o mesmo trajeto feito
hoje pelo metrô de superfície). Em 1877 deu-se início ao projeto e da obra em 1899, de Porto Alegre a Uruguaiana, concluída
em 1907, com isso vários ramais foram se formando centralizado em Santa Maria,
os mais de 3 mil km de estradas de ferro, hoje privatizados até 2027, que conduz
apenas tens de carga.
Não diferente as demais do mundo, que a Viação Férrea do Rio
Grande do Sul criada 1905, patrocinou as mais lindas histórias que os livros,
poesias e músicas nos contam pelo regionalismo, que nos remetem ao apito de
trem, que as gerações do segundo milênio desconhecem. Eu viagem muito de trem,
da Maria Fumaça, ao Pampeiro, ao Minuano, ao Ungaro, e tive o privilégio de
levar na década de 1980, meu filho mais velho – o festejado guitarrista Antônio
Flores Neto, em vagão de segunda classe, de diesel, à Santa Maria.
Para
pensar: Os
trilhos que cortam solito os campos da pampa, castigados pelo sol, pelo
vento e pelas chuvas, guardam silentes mais de 100 anos de estórias gaúchas. E
cada quilômetro que hoje se desmancha por cima dos dormentes, é um pedaço da
vida de milhões de almas gaudérias que vão se espalhando campo a fora, como a
fumaça do trem que já se perdeu e não volta mais.