Embora a
probabilidade de um desastre aéreo seja de um em três milhões o tema sempre nos
provoca alguma curiosidade, principalmente porque aviões e seu funcionamento
são conteúdos complexos para a maior parte de nós. Esses dias assisti a um dos
vídeos do Lito Souza, um especialista em aviação que tem uma página no YouTube
(recomendação que passo adiante pois o conteúdo do canal é muito bom) tratando
sobre o desastre aéreo ocorrido aqui no Brasil em 2007.
O que chamou
minha atenção foi que ele trouxe as questões subjetivas por trás do acidente.
Principalmente acerca do conhecido apagão aéreo que enfrentávamos no período,
um verdadeiro caos que era veiculado incansavelmente pela imprensa a qual
transmitia sobre os voos que atrasavam diariamente, cancelamentos e salas de
embarque superlotadas e a consequente indignação das pessoas, o que
sobrecarregava os funcionários das empresas aéreas e que pode ter contribuído
também para o acidente ocorrido em 17 de julho de 2007.
Não é preciso
ser especialista em saúde mental para concluir que qualquer um de nós tem sua
capacidade reduzida ao trabalhar sob condições de muita pressão e estresse. Que
nossa criatividade reduz drasticamente quando não são oferecidas condições para
que possamos, com tranquilidade, buscar solucionar problemas que possam
eventualmente aparecer. Os conceitos de exaustão como símbolo de status e de
ansiedade como estilo de vida não deveriam ser aceitos por nós.
Doenças
vasculares, câncer, diabetes e de ordem mental tornaram-se as principais causas
de morte no mundo. Ou seja, não estamos nos cuidando como deveríamos. Caso o
tempo que gastemos exercendo umas horinhas a mais de trabalho nos impeça de
praticar alguma atividade física, de preparar nossas refeições de acordo com nossas
necessidades, de desfrutar momentos prazerosos junto dos nossos amigos,
familiares e animais de estimação, talvez seja hora de recalcular a rota. É
possível sim chegar ao destino com satisfação e bem-estar.
É permitido
sermos pilotos da própria existência, cultivando bons hábitos e nos apoiando
mutuamente. Não é possível que nossas vidas fiquem em segundo plano, que
aceitemos que não ofereçam a todos condições seguras de trabalho, lazer ou
qualquer coisa que façamos. Quanto mais humanizados nos tornarmos mais
dispostos estaremos a criar e exigir ambientes e situações que proporcionem a
todos voarem alto e em segurança. Boa viagem!