Ontem li uma reportagem acerca do feito dos Países Baixos, informalmente conhecido como Holanda, em zerar o número de cães nas ruas. Na verdade, a conquista não é recente, desde 2016 já se veiculava que o país, onde a educação é obrigatória dos cinco aos dezesseis anos, já havia conseguido um lar para todos os cachorros de rua. De fato, a cultura holandesa é determinante para ações como esta, o país ainda é um dos poucos que conta com um partido político cujo objetivo é o bem-estar animal.

A nossa relação com os animais é marcada por uma história de domesticação que se baseou em consecutivas práticas cruéis. À medida que os seres humanos se espalharam pelo mundo, o mesmo se deu com os animais domesticados. Há dez mil anos, havia alguns milhões de ovelhas, vacas, porcos e galinhas, por exemplo, hoje há um bilhão de cada um deles. Se julgarmos pelos critérios da sobrevivência e reprodução e desprezar o sofrimento e felicidade individuais, veríamos como uma história de êxito evolutivo.

Essa crítica está em um dos capítulos do livro Sapiens, do Yuval Harari, onde ele nos faz refletir sobre o sofrimento animal. Um dos exemplos é o bezerro, que passará toda a vida (cerca de quatro meses) separado da sua mãe e nunca sairá do cubículo onde é mantido, seja para brincar com outros bezerros ou mesmo para andar de um lado para outro- tudo isso para que seus músculos não se fortaleçam. Músculos fracos geram bifes macios e suculentos. A única vez que um bezerro poderá caminhar será em direção ao matadouro.

Assim como os holandeses, acho que todos podemos repensar nossas práticas. Admiro quem muda seus hábitos, inclusive alimentares, pensando nos animais e na natureza. Eu mesma estou devendo muito nesse sentido, acredito que há muito para melhorar. Com relação às ações violentas aos animais de estimação, gostaria que fôssemos mais evoluídos e conscientes, mas se até em um país onde a educação é tratada com mais seriedade é preciso que exista uma legislação dura nesse sentido é pouco provável que no Brasil consigamos obter resultados sem seguir o mesmo caminho.

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