Digo sempre que uma das palavras mais usadas no mundo jurídico é depende. O erro é pensar que essa condição se limita à esfera jurídica. Na vida cada um tem interesses, pontos de vista, ideais distintos e as análises serão feitas de acordo com tais condicionantes. Dessa forma, cada um faz uma leitura diversa do mesmo fato. Você pode pensar que saiu vitorioso de determinada situação, contudo, somente você saberá as consequências das suas conquistas e do que teve que abrir mão em troca de algo. Raríssimas vezes o pódio vem de forma gratuita.

Ontem assistimos ao filme Oppenheimer, que tem três horas de duração, e sinceramente é difícil que algo prenda minha atenção total por tanto tempo. Pois bem, a história acerca da criação da bomba atômica conseguiu me surpreender de forma positiva. Estava curiosa para saber como se desenrolaria, considerando o tempo extenso, um enredo tratando de átomos, bomba, fissão nuclear, guerra e confesso que achei interessante a forma como a gente consegue se colocar no lugar do cientista que deu origem ao nome do filme.

Acredito que a mensagem mais importante não é exatamente o que algum livro ou filme nos traz de forma pronta, mas o interesse que nos desperta para além deles. Assim, temas importantes iniciados por meio de histórias bem contadas provavelmente causem mais entusiasmo que uma explicação técnica sobre os elementos que compõem as bombas, por exemplo. Quem sabe uma ferramenta a mais para incrementar uma aula proporcione a sensação de ganho e não perda de tempo? Embora tenhamos consciência de que conhecimento nunca é desperdício, sempre iremos preferir a maneira mais prazerosa de adquiri-lo.

Na prática nem sempre aprenderemos da melhor forma. Os Estados Unidos tiveram êxito ao criar a primeira bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial, Alemanha foi derrotada, o Japão se rendeu. Mas em uma guerra não existem vencedores. Nenhuma guerra é santa, nenhuma guerra é justa, pois aniquila também quem não decidiu participar. Após Hiroshima e Nagasaki, o mundo compreendeu o poder de destruição que uma bomba atômica pode causar, mas ainda estamos tentando construir um ponto de vista em comum sem que seja preciso matarmos uns aos outros. 

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