Crueldade é um grave sintoma de ausência de caráter, foi o que li esses dias. Geralmente entendemos caráter ou a falta dele não como oposição de bondade, mas de honestidade, mais especificamente. Contudo, para a psicologia, caráter é um componente da personalidade, um conjunto de características relativos à maneira de agir e reagir de um indivíduo, ou seja, realmente é bem mais amplo do que nos parece, inicialmente.

Atualmente nos preocupamos demasiadamente com nossa reputação, não à toa selecionamos aquilo que postamos nas redes sociais. Mas, embora seja possível desenvolver uma boa reputação para um mau caráter, mais cedo ou mais tarde sua personalidade se manifestará. Afinal, quantas vezes já fomos surpreendidos com notícias de pessoas que aparentemente eram “boas” cometendo atos de violência, deslealdade e sendo totalmente incoerentes nas atitudes?

Somos muito inocentes ao pensarmos o homem como um ser que nasce bom e é corrompido pela sociedade. Pelo contrário, nascemos selvagens e somos “domesticados” com o tempo. Nossas referências de amor, bondade, honestidade, só serão construídas se tivermos contato com esses valores e se nossas relações forem recíprocas. Por isso mesmo muitas crianças que levam palmadas replicam isso nos animais e quando adultos têm repulsa a esse tipo de comportamento, justamente porque aprenderam as lições de amor e respeito.

De forma semelhante, a bondade vai muito além de praticar atos de generosidade com os outros. Nunca é uma análise isolada. Nunca somos, estamos. Hoje posso estar calma e tranquila, amanhã, diante de uma situação que me provoque uma irritação profunda, por exemplo, posso reagir de maneira inesperada. O desafio é conter as emoções e portar-se com racionalidade, levando em consideração os princípios que nos compõem. A tarefa é complexa e exige firmeza, a construção do caráter também. 

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