Discussões por trivialidades são a causa de
maior parte da nossa infelicidade, conforme consta no livro Como Evitar
Preocupações e Começar a Viver, de Dale Carnegie. Nele, também há o relato de
um ex-promotor distrital do
condado de Nova York que
afirma que metade dos casos criminais que chegavam em suas mãos eram fruto de
pequenezas. Disputas domésticas, comentários ofensivos, ações e palavras rudes
levavam a agressões e assassinatos. São os pequenos golpes contra nossa
autoestima, vaidade, as indignidades, que causam metade do sofrimento no mundo.
Assim, no
decorrer dos dias vamos arruinando nossas relações com quem mais amamos por
mesquinhezes. Demoramos a enxergar a quantidade significativa de tempo e de momentos
irrecuperáveis que desprezamos por não sabermos “brincar de viver” o que
envolve, dentre outras coisas, tratar com leveza os impasses sem permitir que
nos aborreçam. A vida é grande e curta demais para ser pequena. E veja bem, no
fundo não duvido que todos saibamos a preciosidade que é viver mas, para além da consciência é preciso
desenvolver uma atitude mental que nos permita discernir o que exige ou não
nossa preocupação.
Sêneca me
ensinou que devemos nos preocupar com a qualidade, não com a duração da vida.
Até mesmo porque a morte é algo inevitável e que não deve ser objeto de
angústia. Domingo será dia dos pais e durante parte da minha vida preocupei-me
em perder meus pais. Porém, ironicamente, muitas vezes estava distante do meu
pai mesmo que fisicamente próximos e esse sim era um problema real que urgia
ser resolvido. Mudar o modo de viver exige tempo, persistência e prática.
Quando contabilizei as vezes que meu pai e eu disputamos ter razão percebi que
ela, a razão, não valia a pena.
A passagem do tempo vai nos ensinando que é
muito mais satisfatório prezar pela excelência dos instantes que passamos com
quem amamos do que gastarmos energia nos atormentando com o medo de perdê-los
ou julgando-os. Aos nossos pais, vamos dispensando mais paciência e compreensão
a partir do momento que enxergamos em nós as imperfeições que apontávamos neles
e concluindo que provavelmente deram o melhor de si, da maneira deles e dentro
das condições que tinham. Da mesma forma, em determinado momento assumimos o controle total de cada resultado da
nossa vida, pois somos os únicos responsáveis por nossas ações e sentimentos.
O filósofo William James nos diz que não podemos
mudar nossas emoções de modo “instantâneo” apenas decidindo fazê-lo, mas que
podemos mudar nossas ações. E, quando mudamos nossas ações, mudamos
automaticamente nossos sentimentos. Desta forma, se você que está lendo meu
texto, assim como eu já se ofendeu e perdeu tempo ruminando por pequenos
desentendimentos do dia a dia, encontre a coragem para mudar aquilo que te
cabe. Principalmente se essa mágoa te priva de viver melhor com aqueles que
ama. Que cada um de nós, que ainda temos a sorte de poder abraçar nossos pais,
o façamos com tamanha importância que isso representa, no domingo e em todas as
oportunidades.