Buenas e me
espalho! E como consta no Livro Agenda Gaúcha 2023, (na 20ª edição contando a
história da erva-mate e do chimarrão), informamos que: o Dia 8 é
Internacional da Alfabetização; Dia do Administrador de Empresa, do Técnico de
Administração e do Veterinário; Dia 12 Nacional da Seresta, do Técnico Têxtil e
do Físico; Dia 13 do Agrônomo; Dia 14 do Frevo e da Cruz. Assim, agradecendo à
Deus por escrever e ser lido, o invoco para dizer sobre A SERESTA.
Foi-se o tempo das serestas, momento sublime de expressão romântica, que qualquer pessoa com um pouco de sensibilidade poética, musical, dedicava a sua amada e também, à seus amigos o seu bem querer. Por isso a serenata foi motivo de muito namoro, de muito casamento e de muita desilusão, pois o seresteiro a utilizava como arma de conquista, que nem sempre funcionava.
Cansei de ver amigos contando história, que fora dar uma serenata à uma pretendente, e a moça nem abriu a janela pra agradecer a oferenda, cantada ou recitada. Isso era o sinal de que o candidato não era do agrado. Enquanto outros contavam que tinham se dado bem, gabando-se da sorte de ir à serenata e ser recebido pela musa alvo e família, em festa.
Par uma seresta era fundamental o seguinte: um violão, um tocador, um cantor e uma casa com alguém dentro, merecedora do empenho. Digo merecedora porque nunca vi uma mulher dando uma serenata para algum homem, seresta sempre foi coisa de macho pra fêmea. Mas já vi mulheres acompanhando a via sacra, em casais fazendo serenata para amigos, filhos, parentes.
Nas décadas de 70 até 90, eu dei muita serenata no interior e na capital, vi inclusive grupos de seresteiros profissionais, que atendiam o pedido de alguém sem o talento artístico, com a intenção de conquistar uma prenda, contratava músicos para esse fim. Neste caso tinha até uma figura a mais no grupo, que o cantor, tocador, acreditem se quiserem, havia o ofertador, aquele que dava uma de orador, que oferecia a serenata para a prenda, em nome do necessitado.
Era muito engraçado esse personagem, que depois da música tocada, entrava em cena, inflamando o peito, de voz empostava largava, mais ou menos assim: “Esta música foi para “fulana de tal”, em nome de “ciclano de tal”, com muito amor, carinho ou respeito, (dependia do grau de relação do interessado com a moça, para definir a palavra certa), desejando muita felicidade, a partir dessa madrugada de ternura, na luz da lua, porque a estrela mais linda, está repousando ouvindo esta merecida serenata.
Por costume, as serestas, sempre era depois da meia noite, antes os seresteiros se reuniam num bar, para beber e traçar o plano da noitada. Definir quem iria, como iriam, (se de a pé ou de carro) e quantas visitas fariam. Tinha também as serenatas improvisadas, de boêmios em festa por exemplo num clube, num bar, e ao saírem do evento, empolgados, resolviam fechar a noite com uma serenata. Nessas dava de tudo!
Lembro que certa feita, na década e 70, em Uruguaiana, num domingo, estava: Eu, meu Tio Tonho Fagundes e o primo Zecão Claus, metendo trago e pinho num bar, e lá pelas tantas, resolvemos partir para uma seresta, para uma linda mulher que o Zecão andava de olho. Só que isso já era alta madrugada da segunda-feira, mas fomos! Chegando na janela da casa, (dessas de parede na linha da calçada), nos postamos e abrimos o peito, na música Carinhoso, de João de Barro e Pixinguinha. Ao findar, o Zecão todo meloso ofereceu, a porta se abriu, nós radiantes, e apareceu o pai da moça, puto da vida, nos xingando assim: VOCES NÃO TEM NADA MELHOR PARA FAZER SEUS.....,e o Tio Tonho lhe respondeu na tampa: “CASUALMENTE NÃO”, nisso o véio bateu a porta, e nos bandeamos da frente da casa, mais constrangidos do que Padre na zona. Dias depois, muito agradecida e envergonhada, a moça veio desculpar-se da grosseria do Pai, por ter gostado da lida e de certo interessado no cantor Zecão, que tendo voltado para Capital, não levou nem pra o fumo.
Com essa história, homenageio todos os seresteiros do Brasil, encarnados e desencarnados, pelo nosso dia 10 de setembro, data em que faleceu o seresteiro, ex-presidente, Juscelino Kubitschek.
Para pensar: Nesse mundo de relação virtual, está faltando seresta pra esquentar os corações!