Buenas e me
espalho! E como consta no Livro Agenda Gaúcha 2024 em seu primeiro mês,
contando a história dos 50 anos de nativismo gaúcho por 14 de seus festivais de
música, pioneiros em atividade, informamos que Dia 19 é do Barbeiro e
Cabelereiro; Dia 20 do Farmacêutico; Dia 21 Mundial da Religião; Dia 24 da
Constituição, da Previdência Social e Nacional do Aposentado; Dia 25 do
Carteiro. Agradecendo a Deus por poder escrever e ser lido, o invoco para dizer
sobre: COMO SURGIU A CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA DO RIO GRANDE DO SUL.
Com a criação do tradicionalismo
em 1947 e duas décadas depois, o Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, foram
reveladas pesquisas que contaram a origem das manifestações culturais
rio-grandenses, definindo ritmos, valorizando lendas, poesias e instrumentos
populares dos gaúchos, que nesta ordem teve primeiramente a rabeca, a viola, o
violão, a gaita, percussões e consequentemente o canto.
Na década de 60, o
Brasil vivia a primeira era dos festivais. Nessa época vários municípios
brasileiros promoviam seus festivais da MPB, inclusive Uruguaiana, pelas rádios
locais tinham os seus. Com isso um grupo chamado de Marupiaras, em 1970 inscreveu-se
no festival da Rádio São Miguel, com uma obra chamada Abichornado, com letra em
expressões regionais, ritmada em toada-milonga, que fez um baita sucesso com o
público, mas os jurados a desclassificaram, dizendo que não era música popular
brasileira.
Então o grupo formado
pelos jovens uruguaianenses, liderados por Colmar Pereira Duarte, mais Ricardo
Duarte, Julio Machado e Tasso Lopes, foram afogar as mágoas na casa de amigos e
de lá resolveram e foram, em tom de protesto, dar uma serenata aos jurados, com
suas demais músicas de cunho regionalista. E foi nessa noitada que em
determinado momento Colmar bradou: “se não querem as nossas músicas
nesses festivais, então vamos fazer o nosso” e assim, por inspiração de
Colmar Duarte, que deu o nome, traçou objetivos, metas e regulamento, nasceu o
evento musical nativista, que chegou ser o maior da América da Sul.
Dias após dessa
noitada, com o projeto descrito, Colmar formou uma comissão organizadora do
evento, convidando o Dr. Henrique Dias de Freitas Lima, (promotor público da
cidade há época), para ser presidente e realizar na cidade de Uruguaiana, em
dezembro de 1971, a 1ª Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul, tendo
como entidade promotora o CTG Sinuelo do Pago, como é até hoje.
Assim, granjeando
apoio de vários recantos do estado, o Presidente Henrique Dias de Freitas Lima,
executou em grande estilo o projeto idealizado por Colmar, enriquecido por
companheiros dos Marupiaras, do CTG, da Ordem dos Músicos do Brasil, presidida
por Paixão Cortes, dentre outros artistas. A primeira edição aconteceu no Cine
Pampa, foi apresentador o jovem publicitário, declamador, Gilberto Moreira
Carvalyo, que mais tarde se revelou grande poeta e escritor, sendo inclusive
por duas vezes vencedor desse evento, com Negro da Gaita e Pássaro Perdido.
Mas por ironia do
destino, quem levou a primeira Calhandra de Ouro, dado por um corpo de jurados especialistas
em regionalismo e folclore, vindos de Porto Alegre, foi a obra REFLEXÃO,
interpretada pelo Grupo Os Marupiaras, tendo mais a voz de Cecília Fagundes
Machado na interpretação, da letra de Colmar Duarte e música de Júlio Machado. O
troféu, também foi idealizado por Colmar, modelado pelo artista plástico e compositor
Paulo Ruschel, (autor da celebre obra Os Homem de Preto, sucesso nacional do
Conjunto Farroupilha na década de 1950). Com isso o justo destino cumpriu-se, a
Califórnia se agigantou e os festivais regionalistas gaúchos proliferaram nos
estados do sul, e seguem há mais de meio século gerando autores, artistas.
Para pensar:
Tolstoi escreveu, “PINTE SUA ALDEIA QUE ESTARÁS PINTANDO O MUNDO” e Glênio
Fagundes parafraseou, “CANTE SUA TERRA QUE ESTARÁS CANTANDO O MUNDO!”