Buenas e me espalho! E como consta no Livro Agenda Gaúcha 2025, informamos que: Dia 14 é do Amor e da Amizade; Dia 16 do Repórter; Dia 19 do Esportista. Agradecendo a Deus por poder escrever e ser lido, o invoco para dizer sobre: TELMO DE LIMA FREITAS

 

Vai faltar espaço para dizer de alguém tão grande, tão generoso, tão talentoso, tão gaúcho, como foi o Jundiá, forma carinhosa que os amigos do peito chamavam o Telmo, nascido em São Borja em 13 de fevereiro de 1933, filho do oficial do exército – Leonardo Francisco de Freitas e da campeira – Mariana de Lima Freitas.

 

Como diz o ditado, quem é bom já nasce feito, e Telmo, muito cedo demostrou o pendor para as artes, tanto que, aos 14 anos formou o Quarteto Gaúcho; aos 17 anos estreou como radialista; aos 24 anos venceu o glorioso concurso de gaita de botão da Rádio Farroupilha no Programa Rodeio Coringa, criado pelo do lendário Paixão Cortes e tocado por Darcy Fagundes e Luiz Menezes. A arte musical de tocar, compor e cantar, lhe acompanhou até seu último dia neste plano.

 

Mas foi aos 30 anos que Telmo ingressou, por concurso, na Policia Federal, aonde envergou uma carreira honrada de policial que não existem mais, que agem pelo direito e nunca por ideologia política. Em 1969 a Rádio Gaúcha realiza o primeiro festival regionalista gaúcho que Telmo participa com destaque, e logo, em 1971 concorre na 1ª Califórnia da Canção Nativa do RGS, com duas obras lindíssimas de sua autoria, Retorno e Prece ao Minuano, que estão no disco do incipiente evento que transformou-se no maior festival regionalista da América do Sul, e Telmo foi sempre estrela guia. Já conhecido como compositor, instrumentista e cantor, em 1973 ele acontece como ator de cinema no filme A Lenda do Boitatá.

 

Assim o nosso guru seguiu compondo, alimentando festivais e repertório para diversos artistas que fizerem nome com suas obras, como José Mendes, Edson Otto, Porca Veia, dentre outros. A primeira vez que privei com o astro, foi em 1976. Aos 17 anos, fui a convite do Chefe dele, seu colega de profissão e de arte — José Antônio Hann — visitá-lo na Barra do Quaraí, aonde implantava no ex-quartel dos Fuzileiros Navais, a sede da Polícia Federal. Lá, o encontramos perto do meio dia de um domingo, o Telmo fazendo uma comida campeira num fogo de chão, foi uma beleza de tarde com muita música.

 

Em 1979 ele ganha a 9ª Califórnia com Esquilador, em 1983 lança seu primeiro disco — O Canto de Telmo de Lima Freitas — ano em que entre janeiro e fevereiro, me preparava para inaugurar a Pulperia em Porto Alegre ocorrida em março, quando me aparece o Telmo pedindo para fazer a fachada do bolicho e ele a fez, de madeira cobrindo o cimento e um puxado de capim Santa-fé. Em 1986, nós, mateando no Parque da Harmonia, ele me amostra a obra De Marcha Batida, que tinha passado na triagem da 16ª Califórnia, concedendo-me a honra em defendê-la, indo para o disco do nobre evento. Em 1987 Telmo é destacado para servir a Polícia Federal no Itaqui, e lá não foi diferente, explorou o folclore na cidade e criou várias obras revelando personagens itaquienses na California da Canção, quando em 1988 gravou seu segundo disco – Alma de Galpão.

 

Daí, em 1992 o veterano policial se aposenta, e me conta o seguinte: “Quando entrei na polícia, tinha que descrever meu patrimônio, daí escrevi: Eu tenho uma gaita, um violão e um cavalo, quando sai, tive que repetir o ritual, e descrevi: Eu tenho a gaita, o violão, um novo cavalo e um apartamento.” Daí, mais folgado de tempo, fez uma ponchada de discos, o De Marcha Batida em 1994, Rastreador em 1996, Acervo Gaúcho em 1998, A Mesma Fuça em 1999. Até que em 2000, ganha o prêmio Açoriano de Melhor Disco e Melhor Compositor Regional. Em 2006, ele regrava varias de suas obras com diversos amigos do tempo antigo, inclusive com seu filho Kico Freitas, conceituado percursionista internacional, que atuava com João Bosco.

 

Foi nessa primeira década de 2000 que Telmo recebe em sua chácara de Santo Antônio da Patrulha, a Cavalgada José Cláudio Machado, em sua homenagem, evento do qual fazia parte e vinha de ponteiro chegando antes da comitiva, foi quando ele me pediu para fazer com a sua pistola de ofício, uma salva de tiros, enquanto recebia os visitantes cavalieros (as). Foi emocionante puxar o gatilho daquela pistola que nunca matou ninguém!

 

Por fim, em sua morada de Cachoeirinha, Telmo recebia no galpão-museu, semanalmente muitos amigos. Em 2020, o grupo serrano que fiz parte, liderado por Omair Trindade, realizava mensalmente a reunião festiva para o Telmo, brindando-o com música, poesia e a melhor culinária e vinhos da serra gaúcha. Até que no dia 18 de fevereiro de 2021, cinco dias após ter completado 88 anos, chamado por Deus, Telmo de chapéu tapeado, encilhou o cavalo alado que o levou para o céu, e lá está como estrela da constelação dos nossos valores morais e culturais, iluminando o Rio Grande, o Brasil, desde os campos missioneiros de São Borja, cantando do Vento Minuano: “Peço que traga a mensagem para o povo, alumiando o sangue novo, seiva forte do meu chão, para que sigam a cantar o mesmo hino, reafirmando o seu destino de futura geração. Vento minuano eu te peço que prossigas, nessa cantiga de fraterna comunhão!”

         

Para pensar: Um dia Paixão Cortes disse: “O Telmo não precisa falar sobre cultura tradicional gaúcha, porque ele é a própria!” 

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