Só para os mais íntimos e olha lá, talvez nem nós mesmos tenhamos clareza do que é real e do que é o ideal imaginário projetado pela nossa mente. Temos falado frequentemente dos efeitos das redes sociais e nas consequências do seu uso inconsciente que nos remete a um mundo de aparências, pouco real. Muitos, na tentativa de reverter o quadro da superficialidade incentivam o “sem filtro”, a vida como ela é, mas igual estamos alimentando esse mundo paralelo. 

Há muitas coisas que ficam fora das redes e isso não pode ser um problema. Esses dias, assim como em muitos outros, por distração deixei de tirar fotos e de fazer qualquer pequeno registro de um dia que foi maravilhoso, em que eu estava rodeada de amigos, música boa e tudo que gosto. Só não foi postado, mas foi aproveitado intensamente, contudo, confesso que no outro dia fiquei chateada por não ter lembrado de registrar aquele momento. Por quê? Não sei. 

Semana que vem a Feira do Livro oferecerá um bate-papo com o neurocientista Miguel Nicolelis sobre outro assunto desafiador que é o uso da inteligência artificial e seus potenciais riscos. Pretendo ir e depois prometo repassar os pontos da conversa aqui, em texto para vocês. Desafio meus leitores a irem também, para podermos debater. Mas voltando ao nosso assunto das redes, você vive mais ou posta mais? Ou ou dois? Ou por que é importante compartilhar a vida nas redes? Faço a mim mesma essas perguntas várias vezes, sempre tentando ser sincera ao respondê-las. 

Outro dia um conhecido estava profundamente chateado com a nota ou número de curtidas que lhe davam em um aplicativo de encontros. Questionei o porquê a avaliação de pessoas que ele nem conhece o afetavam tanto. Ele titubeou e não me respondeu objetivamente. Não sou contra qualquer tipo de ferramenta que aproxime pessoas, todavia, isso não pode se tornar um jogo superficial que o faça questionar seu valor.

Esse mundo fantasioso, de aparências, de número de curtidas, de disputa de poder onde se estimula a competição, alimenta o que há de mais perverso em nós. E com o tempo vamos caindo nessa cilada de fomentar um mundo irreal, de perfeição, de conto de fadas, muito distante da realidade e de nós mesmos. Por isso é importante protegermos nossa vida de VERDADE desse mundo fictício. Vendo mais nossos amigos, estando mais presente na vida de quem amamos, deixando o celular de lado quando nosso companheiro estiver falando ou em nossa companhia. 

Pode ser difícil enxergar a vida como ela é, mas o preço de manter uma ficção é muito maior. Com o amadurecimento vamos entendo que nossas relações não são os contos de fadas que acompanhávamos na infância, que nossos ídolos são imperfeitos, que nós erramos muito mais do que imaginaríamos errar. Que depois da festa tem a sujeira para limpar e contas para pagar, que podemos falar “até pelos cotovelos”, mas se não houver compreensão do outro lado será em vão. Portanto, que saibamos enxergar com clareza e viver a vida de verdade que faz nosso coração bater sendo fortes o suficiente para suportar todas as dificuldades que ela traz consigo.  

Boa quarta-feira a todos! 

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