Buenas e me espalho! E como consta no Livro Agenda Gaúcha 2024 em seu segundo mês, contando a história dos 50 anos de nativismo gaúcho por 14 de seus festivais de música, pioneiros em atividade, informamos que: Dia 23 é do Rotariano; Dia 27 do Agente Fiscal da Receita Federal, Nacional do Livro Didático e do Idoso. Agradecendo a Deus por poder escrever e ser lido, o invoco para dizer sobre: JOÃO BATISTA MARÇAL!

Pois esse amigo, nasceu no Quaraí em 4 de novembro de 1941, e faleceu em Porto Alegre no dia 23 de fevereiro de 2018. Foi jornalista, professor universitário, radialista, escritor, historiador e comentarista das questões sociais e de segurança na televisão.

Eu o conheci virtualmente, quando ele era comentarista no Jornal do Almoço da saudosa TV GAÚCHA, hoje RBS TV, e pessoalmente em função da minha atuação na noite porto-alegrense na década de 80, como bolicheiro e cantor, na Pulperia, no Vinha D’alho e no Macanudo. Quando Marçal chegava na roda, estava feita a festa, em contagiante alegria e ou revolução, se davam vasa para as questões políticas em geral.

Maragato, comunista de carteirinha, era uma alma bondosa, um homem do povo, sempre pronto para servir, muito diferente dos que vemos por aí se servindo da rês-pública, Marçal viveu e morreu na simplicidade, por causas culturais e sociais, abraçava qualquer peleia.

Em 1993, pelo centenário da Revolução Federalista, realizamos a primeira Cavalgada Farroupilha que deu origem ao Instituto Cavaleiros Farroupilhas - ICF, de quem Marçal foi Cavaleiro Honorário, por ter em vários momentos, emprestado seu conhecimento, por exemplo, palestrando sobre Rafael Pinto Bandeira, na semana de aniversário do primeiro ano do município que tinha Pinto Bandeira como patrono e João Pizzi, como primeiro prefeito, que tinha em mente, acertadamente, fazer o povo saber mais profundamente sobre seu patrono. 

O ICF com o Sistema Tarca de Comunicação – que tinham realizado em setembro de 2000, de Rio Grande ao Herval, a Cavalgada Farroupilha e o filme documentário Rafael Pinto Bandeira, foram os organizadores culturais dessa semana municipal, promovendo diversos eventos como, feira de livro, ciclo de palestras, exibição de filmes documentários, shows, etc...e Marçal foi o palestrante principal dessa festividade cívica, cultural, para levar aos cidadãos de Pinto Bandeira, a história desse grande herói gaúcho, brasileiro, riograndino. 

Lembro até, que ao sair do Salão Paroquial onde o povo foi assistir o Marçal, um grupo de ítalos-gaúchos, (no bom sotaque de gringo colono), satisfeitos e orgulhosos pelo o que ouviram na palestra, comentavam: “VIRAM SÓ O QUE O PROFESSOR DISSE, PINTO BANDEIRA É MUITO MAIOR QUE BENTO”, igualando a pequena cidade, com a grande Bento Gonçalves, da qual Pinto Bandeira foi distrito até 1999. 

Marçal era tão entusiasmado com as questões históricas, que certa feita também o convidei para palestrar sobre o Marechal José de Abreu, num Acampamento Farroupilha de fim de ano do ICF, realizado na barranca do Rio Uruguai, na Santana Velha, lugar que originou Uruguaiana, aonde duvidávamos que ele chegasse. Pois não é que vindo de suas escaramuças políticas no Uruguai, o taura nos chegou lá, num fundão de campo, no meio do mato, de taxi, eufórico, dando viva aos farroupilhas do presente, pedindo um trago de canha, para saudar o momento!                                                             

De lá, nosso convívio seguia mensalmente nas reuniões da Confraria do Livro em Porto Alegre, até que ele foi diagnosticado de câncer e hospitalizado. No hospital, em janeiro de 2018 fui visitá-lo e nesse dia, falando de tudo um pouco, ele me questionou sobre a morte, dizendo-me que seria cremado. Daí, dei minha opinião espírita sobre o tema, comentando que atualmente, a maioria dos seres humanos quando morrem, por seus múltiplos pecados, demoram até 30 dias para se soltarem da carne, e como o espírito não morre, sente toda a dor da incineração.

Foi quando ele me confessou ter tido experiências mediúnicas e que não era ateu. Um mês depois dessa visita, eu estava no tradicional churrasco familiar de domingo, quando nosso presidente da confraria, Dr. Fausto Domingues me avisou que ele tinha falecido, tendo suas pompas fúnebres no cemitério de Viamão. Para lá me fui chegando às 15 horas, e quando perguntei para um familiar que horas seria a cremação, de pronto me responderam, ele pediu para ser sepultado a 7 palmos de fundura como os antigos gaúchos.

Assim foi e o corpo do nosso amigo, descansou no solo viamonense que ele tanto amou e que merece ser nome de rua, bem como na sua Quaraí.      

Para pensar: Marçal foi um exemplo de vida, foi feliz, mas não realizado, partiu deste plano inconformado pelas desigualdades  sociais que presenciamos, porque nem a sua ideologia comunista é capaz de reformar a sociedade, apenas reforma o Estado, para pela força, indivíduos egoístas se servirem dele.    

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