Buenas e me espalho! E como consta no Livro Agenda Gaúcha 2024, informamos que: no Dia 04 de outubro é da Natureza, do Lobinho, Universal da anistia, Internacional do Poeta, do Barman, do Cão, Mundial dos Animais e de São Francisco de Assis; Dia 05 Mundial da Habitação, Universal da Criança, Internacional dos Professores, do Boia-fria e da Ave; Dia 7 do Compositor Brasileiro, do Prefeito; Dia 8 do Direito a Vida e do Nordestino; Dia 09 do Atletismo e Mundial do Correio; Dia 10 Dia Mundial do Lions Club.  Agradecendo a Deus por poder escrever e ser lido, o invoco para dizer sobre – NOEL GUARANY

 

Quando eu era guri de 11 anos em 1970, lembro que pedia à Dona Cecilia Fagundes de Abreu, minha mãe, para me acorda às 6 horas e ouvir a abertura da Rádio São Miguel AM de Uruguaiana, que depois da sua cortina musical tradicional de abertura e de encerramento da emissora, pela  música “Quero-Quero” do grande Barbosa Lessa interpretada pelo Grupo Farroupilha, invariavelmente rodava Noel Guarany.

 

Foi assim que conheci todas as obras desse grande artista missioneiro de nome – Noel Borges do Canto Fabricio da Silva – dono de um voz singular e inconfundível, bem como de um toque de guitarra próprio que me encantava, principalmente quando cantava “Romance do Pala Velho”. Não tenho dúvidas que além da genética por meu milongueiro avô Cantílio Fagundes, meu gosto por milongas vem dessa influência.        

Noel era descendente de italiano com indígena, não encontrei nome da mãe e do pai, mas o sobre nome Fabrício vem do pai, logo a mãe era índia que lhe pariu no município de São Luiz Gonzaga, Rio Grande do Sul em 1941 no distrito da Bossoroca, hoje cidade adotiva do cantor, aonde inclusive está sepultado em artístico mausoléu, que virou ponto turístico municipal.

Como dom artístico é uma dádiva, Noel nasceu pronto, muito cedo cantava, tocava e logo começou a compor nos três idiomas pampianos (português, espanhol e guarani), e na década de 1960 visitou vários países latino-americanos, colhendo ensinamentos, aperfeiçoando seu dom.

Além de artista, vindo de apresentações com o colega e amigo Cenair Maicá no Brasil e na Argentina, no fim da década de 1960 já com 30 anos, Noel foi radialista apresentando programas na rádio Cerro Largo de São Luiz Gonzaga e na capital do Estado, nas rádios Gaúcha e Guaíba.

Seu primeiro registro fonográfico foi em 1970, um compacto simples com as músicas “Filosofia de Gaudério e Romance do Pala Velho” e que viraram sucesso imediato, tanto que no ano seguinte a RGE providenciou seu primeiro Long Play, “Legendas Missioneiras”, aonde Noel exibe parcerias com Jayme Caetano Braum, Glênio Fagundes e Aureliano de Figueredo Pinto, três gigantes do nativismo. Nesse padrão os discos não pararam de ser lançados, ocupando obras de Babosa Lessa, Paulo Portela Fagundes, Aparício Silva Rillo, Millan Medina, Anibal Sampayo e Atahualpa Yupanqui.

De carreira com vento em popa, por promessa e já com sinais da doença que lhe pealou para a eternidade, em 1985 abandona os palcos, mas em 1988 em parceria de Jorge Guedes e João Máximo, retorna a sólida carreira com o disco “A Volta do Missioneiro” e no mesmo ano, grava com Jayme, Cenair e Pedro Ortaça, o disco “Troncos Missioneiros”. Daí na década seguinte, refugia-se no seu sítio em Vila Santos, Santa Maria-RS, para tratamento de uma doença cerebral degenerativa, até que no dia 6 de outubro de 1998, aos 57 anos faleceu na Casa de Saúde de Santa Maria, deixando 14 registros fonográficos para a posteridade e estudo da cultura gaúcha.

 

Para pensar: Aparício Silva Rillo escreveu: “Semente boa que deu flor e que deu fruto, planta do campo que deu sombra e que há de dar...”, bem que poderia ser também para Noel Guarany.

 

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